pensei em lírios azuis, corações flutuantes de empatia, palavras saídas do avesso que foram desavessadas por uma mente tão extraordinária e principalmente – sempre que à olho – a lua. universo vasto, galáxia luminosa, sistema 'solar' mas apenas a terra há uma lua tão exuberante orbitando por ela. lua que foi tocada por mãos de pouca fé. lua que acreditou que não deveria ser amada. lua que muda de fases – está em constante evolução. lua que ilumina a grandiosa escuridão todas as noites. me senti presa na escuridão durante tempo o suficiente para enlouquecer, até que finalmente, uma lua apareceu naquela escuridão e me clareou com sua luz ultra-luminosa. luz que carrega amor para onde quer que ela bata. lua, você é a minha maior luz ultra-luminosa, que ilumina cada mínimo espaço de escuridão. eu te amo e apenas te quero o bem, lua que brilhará por toda a eternidade.

queria dormir. apagar até que a dor persistente no meu peito desapareça, mas como é possível fechar os meus olhos quando a única coisa que eu vejo na escuridão é você.

você mexendo no celular do seu irmão.

você procurando uma corda nas coisas do seu pai.

você dando nós na corda.

você encima da cadeira.

você segurando a corda.

você a colocando no pescoço.

você pulando.

você sentindo a falta de ar, sentindo a vida se esvaindo pela sua respiração dificultosa.

você sem vida.

como eu poderia dormir quando eu sei que você nunca vai abrir os olhos?

a culpa e eu somos uma só, jamais poderei deixar ela ir. é o preço que carrego por tudo que não foi evitado por mim e causado por você.

arrependimento nunca será o suficiente, pelo menos não da minha parte, pois isso não fará você aparecer em realidade para sua mãe, não fará com que todos os dias 13 de agosto sejam menos assombroso, não fará menos cicatrizes em cada pessoa que ficou aqui – para trás.

no meu âmago resta apenas a ilusão de rever você, mesmo que seja nos meus piores pesadelos.

dizer para ela que o amor floresceu no meu peito depois que eu a conheci, as borboletas que nós tanto admiravamos agora estavam alojadas no meu estômago.

dizer para ela que cada lágrima derrubada significava uma ferida a mais no meu peito, que sangrava sempre que algo te machucava.

dizer para ela que cada música da banda favorita dela ainda me lembra nós, mesmo que nós nunca tivéssemos existido.

dizer para ela que todos os meus textos era sobre ela e apenas sobre ela, minha musa e inspiração, textos que se extinguiram depois que ela se foi.

dizer para ela que quando ela se foi, eu nunca mais senti o mesmo novamente, nada além de culpa me cercava.

dizer para ela que não importa onde ela esteja, ela sempre vai me ter e que eu zelo por ela sempre.

quem diria que eu chegaria aqui, nesse ponto nefasto onde nada me fere, onde nada me parece ruim. lugar indigno de qualquer pessoa com sentimentos verdadeiros e borbulhantes dentro do peito.

nunca me banhei no rio nilo, imaginava sentir aquelas águas me carregando como se eu fosse apenas uma carpa qualquer, que nada conhece além da imensidão do mar. imaginava nadar contra a correnteza e sentir a adrenalina da vida, sentir o ar esvaindo dos meus pulmões e depois voltando com um fluxo inimaginável apenas para me manter viva.

nunca senti a areia do saarah tocar os meus pés, braços, mãos, cabelo e me infiltrar naquelas partículas, me tornar uma e um milhão de partículas que não farão diferença na vida de alguém. areia que entraria pelo meu nariz, ouvido e boca e curaria cada milímetro da minha alma despedaçada. areia que significa reconstrução.

nunca rodopiei usando sapatilhas de ponta, quem sabe assim flutuaria até o céu e tocaria cada mísera nuvem que se aproximasse de mim. rodopiar até cuspir meus órgãos fora e me refazer do avesso. rodopiar até esquecer da minha inutilidade.

nunca senti mãos tão geladas quanto as minhas, mãos de defunto que nem sequer morreu. a primeira parte do meu corpo a dar um sinal de morte antes mesmo do fim.

listaria tudo que me afeta se eu pudesse mas nunca digo nunca antes do fim, mesmo que ele esteja próximo.